Uma breve história dos telemóveis

Uma breve história dos telemóveis

Julho 6, 2022

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Ao nomear estes dispositivos de smartphones, partimos do princípio de que todos os outros maravilhosos exemplares que ficaram para trás no tempo não eram propriamente… inteligentes (smart). A função elementar – e exclusiva – dos primeiros espécimes dos anos 80 era permitir chamadas à distância, ao passo que os telemóveis da década de 90 funcionavam como uma agenda no mundo empresarial. Alguns anos mais tarde, uma câmera modesta unia-se a uma internet básica que possibilitava uma navegação lenta, mas que, ainda assim, satisfazia um utilizador paciente.

Todavia, este consumidor foi-se tornando cada vez mais exigente e acelerado. Se anteriormente esperava estoicamente que uma página de Internet carregasse durante um largo período de tempo, hoje, os parâmetros do Google ditam que uma web page deve carregar entre 1 e 3 segundos.

Pouco a pouco, os telemóveis foram ganhando melhores e novas funcionalidades. Se muitas responderam e anteciparam necessidades dos utilizadores, tantas outras revelaram-se autênticos falhanços.

Acompanhas-nos numa breve incursão pela história dos telemóveis, na certeza de que abordaremos algum modelo com um lugar especial no teu coração?

 

 

O primeiro modelo portátil e a mudança de paradigma

Em 1983, o mundo recebeu o primeiro telemóvel portátil pela mão da Motorola. Com título de nave espacial, o valor do DynaTAC 8000X estava na casa dos quatro dígitos. Por uns astronómicos 4000 dólares, este telemóvel, que não estava ao alcance de qualquer carteira, era também um símbolo de estatuto social.

O Sistema Global para Comunicações Móveis (GSM, que significava originalmente Groupe Spéciale Mobile) é uma tecnologia móvel desenvolvida em 1991, usada para transmissão de voz móvel e serviços de dados que vem substituir os sistemas analógicos existentes. Quando o serviço roaming não passava de uma miragem e as comunicações móveis eram analógicas e circunscritas a cada país, a tecnologia GSM veio harmonizar as redes móveis e desenvolver um sistema compatível a nível europeu. O objectivo já previa a necessidade de um sistema global de telecomunicações móveis que suportasse a tendência crescente no número de subscritores deste serviço. À medida que mais países adoptavam este sistema, os utilizadores ficavam mais conectados graças a um terminal compatível.

Com o Nokia 1011, a finlandesa Nokia foi pioneira a explorar esta tecnologia e a lançar-se na produção maciça do primeiro modelo compatível. Este foi também o primeiro telemóvel a receber uma mensagem de texto.

O primeiro telemóvel com ecrã “a cores”

Em pouco tempo, passámos de visores apagados e sem cor para pequenos computadores portáteis.

Em 1998, quando os ecrãs LCD invadiram as prateleiras das lojas, a Siemens foi a primeira insígnia a lançar um modelo com visor a cores. Revolucionando o mercado dos telemóveis, o Siemens S10 exibia, em todo o seu esplendor, um ecrã de 97 por 54 pixéis com fundo branco e texto a três cores: vermelho, azul e verde. Esta característica valeu-lhe um lugar de destaque no mercado e a glória de reivindicar uma estreia mundial. Inicialmente, apesar de este modelo ter conseguido impressionar os consumidores, rapidamente foi ultrapassado pelos rivais desenvolvidos por marcas como a Nokia e Ericsson.

Três anos mais tarde, o Ericsson T68m, o último vendido sob a alçada da marca, e o Mitsubishi Trium Eclipse (cujo slogan era “the executive phone that brings colour to your life”) eram dois dos gadgets mais populares nas listas de presentes de Natal. Com um ecrã com 256 cores, estes modelos conquistaram a atenção dos consumidores, apesar do seu preço elevado para os padrões de 2001.

Personalização sem limites e um indestrutível clássico de vendas

Mas as cores rapidamente se estenderam a outros quadrantes dos telemóveis. Teclados coloridos e capas repletas de padrões e mensagens tornaram-se num statement identitário.

A personalização tornou-se na palavra de ordem e muitos foram os modelos que ofereceram variadas opções de customização. Para os mais jovens, ecrãs monocromáticos faziam contraste com acessórios coloridos e extravagantes. Por isso, o Nokia 3310 será, certamente, um dos telemóveis que mais tem o poder de despertar a nostalgia destes consumidores. Conhecido por ser um modelo ultra resistente, para muitos ficou carinhosamente apelidado como o célebre “tijolo”.

 

 

Ainda és do tempo em que alterar o papel de parede ou o logo da operadora era uma tendência? Mesmo com o monótono visor verde, o Nokia 3310 oferecia uma série de ferramentas que prometiam animar qualquer utilizador. Este telemóvel icónico apresentava ainda outras incríveis funcionalidades como o compositor de sinfonias para toques personalizados com os maiores hits dos anos 2000, e jogos como a mítica Snake e o Space Impact. Com aproximadamente 126 milhões de unidades vendidas, o sucesso foi tal que este modelo continuou a ser produzido até 2005, e teve até direito a um relançamento em 2017.

O início do gaming nos telemóveis

Já que abordámos a temática do gaming, é impossível não nos debruçarmos sobre a Snake, um jogo desenvolvido pelo engenheiro finlandês Taneli Armanto para a Nokia. Em 1997, o Nokia 6110 foi responsável por introduzir no mercado aquele que se tornou num dos maiores vícios no final dos anos 90 e inícios do milénio. A Snake era simples, apresentava vários níveis de dificuldade e entretinha utilizadores de todas as idades.

O N-Gage, também da Nokia, um híbrido entre smartphone e consola, elevou o gaming telemóvel a um outro patamar. Oficialmente, existiam 63 jogos oficiais lançados para este gadget que, apesar de tudo, não satisfizeram os jogadores mais exigentes.

Além de um simples telemóvel: câmeras e tecnologia WAP

Em 1999, a Nokia lançou o 7110, o primeiro telemóvel a tirar partido do WAP (Wireless Application Protocol), um protocolo que permitia o acesso a informação através de uma rede wireless, e se tornou num standard mundial.

O primeiro telemóvel com câmera chegava à Europa pela mão do modelo Sony Ericsson T68i em 2002. Já em 2003, a implementação do 3G elevou a velocidade de download até 2 Mbps e permitiu o acesso à Internet em dispositivos móveis através de dados móveis. Graças a esta nova tecnologia, foi possível para os utilizadores assistir aos primeiros conteúdos audiovisuais e efectuar videochamadas, também alavancadas graças às primeiras câmeras frontais. O email no bolso chegou às massas, sobretudo, graças aos dispositivos BlackBerry.

2007: odisseia do iPhone

O ano de 2007 influenciou a História da tecnologia e revolucionou a própria acepção dos telemóveis. O LG Prada foi o primeiro telemóvel touchscreen do mercado, mas rapidamente foi ultrapassado por algo que viria a tornar-se maior do que a sua promessa.

Após meses de rumor e especulação, Steve Jobs, um dos fundadores da Apple, revelou ao mundo o primeiro iPhone, resultado da fusão de três equipamentos – um telemóvel inovador, um IPod e um dispositivo para navegação optimizada na Internet com email, browser e mapas. Na altura, Jobs chegou a afirmar: “o iPhone é um produto revolucionário e mágico que está, literalmente, cinco anos à frente de qualquer outro telemóvel”.

Num panorama dominado por modelos com um pequeno visor e 12 teclas salientes, a própria interface do iPhone também veio estabelecer um novo standard com um ecrã touch screen brilhante. Este telemóvel oferecia um câmera de 2 megapixéis e muitas outras características revolucionárias para a época, tornando-se pioneiro ao estabelecer uma verdadeira navegação na Internet, semelhante à dos computadores.

O preço do iPhone começava nos 499 e estendia-se até aos 599 dólares. Este telemóvel foi o ponto de partida para uma nova filosofia tecnológica que visa acrescentar sempre uma novidade e superar as expectativas dos consumidores.

Cada vez mais smart

Muito além da comunicação, os smartphones são centrais para a vida moderna e substituíram simultaneamente vários gadgets tecnológicos.

Os telemóveis transformaram dramaticamente, mais do que as nossas expectativas, processos mentais e o modo como esperamos ter o mundo ao nosso alcance. Tornámo-nos, mais do que nunca, consumidores exigentes.

O caminho da evolução foi sendo talhado com alguns falhanços, certas funcionalidades que de pouco serviam e, em Portugal, muitos anúncios caricatos que ainda hoje ecoam pela nossa memória. Apesar de tudo, não foram apenas os modelos mais avançados ou com melhores características que nos marcaram. As nossas primeiras fotografias tiradas a partir de telemóveis revelam sorrisos genuínos pixelizados que são testemunhos desta mesma evolução tecnológica.

E a ti? Qual foi o telemóvel que te deixou mais saudade?