Mulheres em Engenharia – A história, as que fizeram história e o panorama actual

Mulheres em Engenharia – A história, as que fizeram história e o panorama actual

Junho 23, 2023

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Honram-se as mulheres que abriram as portas desta área ao género feminino e incentiva-se a que mais mulheres façam parte dela. O Dia Internacional das Mulheres em Engenharia é recente e necessário para consciencializar para as barreiras que as impedem de entrar neste campo.

O ano era 2014 e o Dia das Mulheres em Engenharia foi, pela primeira vez, celebrado no Reino Unido a 23 de Junho. A partir desse ano, passou a ser um evento anual no qual se recordavam as mulheres que fizeram história neste ramo e se consciencializa para as barreiras que ainda enfrentam quando decidem estudar e trabalhar em engenharia.

A campanha teve um efeito viral, contagiando mais e mais países até que, dois anos mais tarde, o dia foi distinguido pela UNESCO. Em 2017, passou a ser celebrado internacionalmente, por entidades governamentais, instituições e empresas públicas e privadas.

O impacto do Dia Internacional das Mulheres em Engenharia impulsionou a análise estatística acerca dos empregos em engenharia ocupados por mulheres, assim como, a análise social que leva a concluir que ainda não existe paridade de género neste ramo.

 

Tabela de conteúdos

1.A História das Mulheres em Engenharia

 

2.As mulheres em Engenharia no século XXI

 

A História das Mulheres em Engenharia

Ao longo dos séculos, a área da engenharia, assim como muitas outras áreas da ciência, recusou contribuições dadas por mulheres. O facto de, até ao séc. XIX, não se admitir a entrada de mulheres em universidades, limitou as contribuições que estas poderiam ter dado. Apesar disso, as mulheres engenheiras participaram activamente no avanço tecnológico e criaram soluções que surgiram de base para a tecnologia que usamos hoje. Para celebrar todas estas mulheres e abrir portas a muitas outras, foi criado o Dia Internacional das Mulheres em Engenharia.

A primeira mulher licenciada em engenharia foi Elizabeth Bragg, que se graduou em 1876. Apesar deste passo, as mulheres só começaram a ser valorizadas nesta área durante a 1ª e 2ª Guerra Mundial. A falta de técnicos e engenheiros nas fábricas começou a ser um problema, dado que a grande maioria dos homens foram chamados para combater nas frentes da guerra. Para fazer face a esta lacuna, as mulheres começaram a ter treino para funções de engenharia específicas.

Desde então que as mulheres passaram a estar mais presentes nos diversos ramos da engenharia, começando pela engenharia civil e chegando até à engenharia aeroespacial.

Apesar de o número de mulheres a exercer funções nesta área estar a aumentar desde a última década, ainda não se atingiu paridade de género nem igualdade salarial no campo das ciências.

 

As Mulheres em Engenharia que fizeram história

Como apontado na secção anterior deste artigo, a primeira mulher a graduar-se na área da Engenharia foi Elizabeth Bragg, que estudou Engenharia Civil na Univerdidade de Berkely, nos EUA, e recebeu o seu diploma em 1876.

Na Europa, a primeira mulher graduada em Engenharia foi Rita de Morais Sarmento, que recebeu o seu certificado em Engenharia Civil em 1894, pela Academia Politécnica do Porto.

Apesar destas duas mulheres, a primeira mulher a exercer funções em enegenharia foi Emily Warren Roebling, que supervisou a construção da ponto de Brooklin, mesmo sem curso superior.

Aparte da Engenharia Civil, a Engenharia elétrica acolheu a primeira mulher em 1918, que se licenciou np MIT – Edith Clarke.

Na área da engenharia aeroespacial, Katherine Johnson teve uma importante contribuição, em 1962, em navegação aeroespacial informatizada, que impactou positivamente as primeiras missões da NASA, incluindo a chegada à lua.

Mary Jackson foi a primeira engenheira afro-americana na NASA, licenciando-se em 1958. Nessa entidade, contribuiu para a construção de aviões mais sofisticados e resistentes, a partir da análise de tunéis de vento e movimentação de ar.

Também o ramo das telecomunicações teve importantes invenções feitas por mulheres. Uma delas foi Hedy Lamarr, que criou um equipamento para despitar radares nazis, durante a 2ª Guerra Mundial. Este sistema serviu para, mais tarde, se criarem os telemóveis e até o Wi-Fi.

Stephanie Kwolek é outro grande nome entre as mulheres em Engenharia. Kwolek era engenheira química quando criou um material sintético chamado Kevlar, em 1964, usado hoje em coletes à prova de bala, capacetes e cabos.

No ramo da engenharia informática destaca-se Donna Auguste, engenheira que patenteou o Personal Digital Assistant da Apple e que, mais tarde, foi crítico para o lançamento do iPhone e iPad.

Ainda na engenharia elétrica e informática, Ginni Rometty, hoje CEO da IBM, foi a responsável pela expansão da multinacional para as áreas de Cloud Computing e Business Analytics.

Aprille Ericson, engenheira náutica e aeroespacial da NASA, foi a primeira mulher afro-americana a receber um PhD em Engenharia na NASA Goddard Space Flight Center, e contribuiu para o satélite Atlas Instrument, que monitoriza o aquecimento polar e o avalia o seu impacto nas calotas polares.

Na Engenharia mecância, destaca-se Evelyn Wang. Licenciada pelo MIT, Wang é a chefe de departamento de Engenharia Mecânica no Instituto, onde tem revolucionado o modo de leccionar engenharia mecânica a nível mundial.

 

As mulheres em engenharia no séc. XXI

Quando se olha para as áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, é fácil perceber que existe um fosso entre os géneros que ocupam funções nesses ramos.

Apesar de a percentagem das mulheres em engenharia ter aumentado na última década, essas continuam a estar subrepresentadas e, consequentemente, não têm as mesmas oportunidades para fazerem contribuições revolucionárias.

Segundo a Eurostat, em 2021, as mulheres ocuparam 41% dos empregos em ciência e engenharia dentro da União Europeia. Dentro desta área, as mulheres ocuparam lugares em 28% do sector aéreo, em 22% do sector hightech e em 8% do sector dos transportes.

Por sua vez, a UNESCO reportou que, em 2023, apenas 31% dos empregos a nível global em pesquisa e desenvolvimento nas áreas das ciências, tecnologia, engenharia e matemática são ocupados por mulheres. No que diz respeito a Inteligência Artificial, 22% dos empregos é ocupado por mulheres.

Quanto à realidade em Portugal, a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género reporta que, em 2021, as mulheres ocupam 15,5% dos postos de trabalho qualificado na indústria, construção e artífices, no qual se englobam as engenharias, apesar de 59,5% serem especialistas das actividades intelectuais e científicas. Além destas estatísticas, a desigualdade salarial contribui para aumentar o fosso entre géneros nesta área: em média, as mulheres ganham menos 17,3% enquanto trabalhadoras qualificadas da indústria, menos 23,6% enquanto técnicas e profissionais de nível intermédio e menos 18,8% enquanto especialistas intelectuais e das ciências.