Trabalho remoto: os desafios e as mais-valias

Trabalho remoto: os desafios e as mais-valias

Março 24, 2020

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Ricardo Nunes é Head of Solutions & Nearshore Delivery da PrimeIT e, em entrevista, assume-se como defensor do trabalho remoto. Partilha agora a sua opinião, sobre as mais-valias e desafios desta forma de trabalho.

 

1. Ricardo, uma das medidas de contingência da PrimeIT, face à pandemia do Covid-19, passou por colocar as equipas em quarentena, na passada semana. Qual é o teu balanço da primeira semana de teletrabalho?

De forma resumida: MUITO positiva.

No Solutions o impacto foi altamente reduzido, sendo que já estamos habituados a trabalhar com equipas distribuídas geograficamente. Nesse sentido, tratou-se apenas de TODA a equipa estar distribuída.

Em termos de Nearshore verificou-se algo semelhante. As equipas têm continuado a produzir com a proficiência esperada, onde à parte de pequenos temas de acessos ou de logística, tudo tem seguido o seu fluxo normal.

Além dos pontos particulares, algo que se evidenciou na última semana, foi o nível de produtividade, que foi superior ao esperado e, em alguns casos, foi mesmo superior ao que temos verificado em escritório.

 

2. Com base na tua experiência em Nearshore, quais são os grandes desafios deste método de trabalho à distância?

O Nearshore por natureza já é um trabalho à distância onde as equipas estão afastadas do cliente, logo, com este novo panorama, trata-se apenas de resolver uma dimensão que é a proximidade da equipa, algo que felizmente se consegue suprir com a panóplia de ferramentas existentes ao nosso dispor.

Outra questão, que também toma uma extrema importância nesta situação, é a comunicação, não sendo tão fluída e sendo mais limitada, visto que não podemos, por exemplo, interromper uma call por 5min.

Por fim, algo que se pode perder estando em casa (não necessariamente no trabalho à distância), são as barreiras entre a vida profissional e pessoal. É por isso, responsabilidade das equipas de gestão, garantir que as suas equipas não se desgastam em demasia, enquanto garantem que é claro, para cada um, o que é esperado de si, não deixando vazios sobre “o que fazer a seguir?”.

 

3. Quais são as rotinas e as boas práticas que tu, e a tua equipa, adoptaram e que aconselhas?

Comunicação, comunicação, comunicação.

Algumas práticas passam, por exemplo, por trabalhar com uma videocall aberta com todos os elementos da equipa, ou ter elementos de confiança dentro das equipas que assumem funções de gestão intermédia. Cada equipa tem a sua dinâmica, por isso, não existe uma solução perfeita que sirva a todos, mas desde que exista comunicação, os resultados irão aparecer a uma velocidade até superior à verificada em escritório.

O mais importante é garantir, de forma recorrente, que os objetivos estão claros para todos e que cada um se sente responsável pela sua parte.

Algo de que sou fã, por exemplo, é um ponto de situação geral com cada equipa ao final do dia (entre 17h e 18h), permitindo que todos partilhem entre si como correu o dia e dando lugar a um momento de descontração, que serve também para encerrar o dia de trabalho.

 

4. Existem medidas ainda mais específicas para manter a segurança e a privacidade dos projectos que têm um maior grau de confidencialidade?

Além dos cuidados que já temos em escritório e que devemos manter, o primeiro passo é, sem dúvida alguma, não utilizar o pc pessoal, mas sim o pc que está preparado (em todos os aspetos) para as funções a realizar. Este será talvez o ponto de segurança mais fácil de ignorar (visto que o pc pessoal tem tudo o que gostamos), mas é uma medida vital para manter um ambiente de trabalho seguro, utilizando assim o pc profissional.

Outro ponto que poderá ser diferente do ambiente de escritório é o acesso ao wifi. Muitas vezes as nossas passwords são pouco seguras e tornam a nossa rede acessível a alguém mal-intencionado. Proteger a nossa rede wifi com uma palavra passe forte e/ou limitar os acessos por mac address (medida mais drástica, mas mais segura), são acções que devemos ter em conta.

 

5. Na tua opinião, apostar no teletrabalho agora vai trazer mais-valias para o futuro?

O trabalho geograficamente distribuído (não gosto do termo teletrabalho), é uma realidade e é o presente. Respondendo directamente à pergunta: sim, a aposta agora irá trazer muitas mais- valias no futuro.

Entre elas estão as mais óbvias, como a satisfação dos colaboradores e a flexibilidade que este modelo lhes traz, existindo também as outras mais escondidas, de que são exemplo a economia de espaços em escritório, comodidades e tempo que se poupa nas deslocações ao escritório.

Além de todas as vantagens conhecidas, sou um crente de que as melhores equipas são responsáveis ao nível individual e colectivo, vendo por isso no trabalho geograficamente distribuído, não só uma excelente oportunidade de dar uma boa qualidade de vida a quem colabora connosco, mas também uma oportunidade de contratar os melhores profissionais possíveis, independentemente de onde se encontrem fisicamente.